O fio que a mão de Ariadne deixou na mão de Teseu (na outra estava a espada) para que este se aventurasse no labirinto e descobrisse o centro, o homem com cabeça de touro, ou como pretende Dante, o touro com cabeça de homem, e o matasse e pudesse, já executada a proeza, desentrelaçar as teias de pedra e voltar para ela, para o seu amor.
As coisas aconteceram assim. Teseu não podia saber que do outro lado do labirinto estava o outro labirinto, o do tempo, e que em algum lugar de antemão fixado estava Medeia.
O fio perdeu-se, o labirinto perdeu-se também. Agora nem mesmo sabemos se nos rodeia um labirinto, um secreto cosmos ou um caos imponderável. O nosso mais grato dever é imaginar que há um labirinto e um fio; talvez o encontremos e o percamos num ato de fé, numa cadência, no sonho, nas palavras que se chamam filosofia ou na mera e simples felicidade. (Jorge Luis Borges in Cnossos, 1984)
Um comentário:
Que lindo, Helenice!
Sábias palavras, quantas e quantas vezes nos perdemos nos labirintos?
Mas o fio de Ariadne sempre nos traz de volta.
Bjs
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